segunda-feira, 8 de novembro de 2010

"Como Promover o Reencantamento do Espaço Pedagógico?"

O universo do tecido educacional está esgaçado, talvez pela política desacreditada que vemos; pessoas que não estão envolvidas no contexto educacional criam leis que transformam a educação em simples “coisa”, objeto de lucro, uma vez que o conhecimento pedagógico passou a ser comercializado por uma sociedade capitalista. Então, considerando o desgaste da educação atual, como fazer para ter prazer com o saber pedagógico? Como transformar essa pedagogia de opressão em uma pedagogia prazerosa, bonita, leve e acima de tudo promova o pensar?
Usando as palavras do G. Dimenstein que diz? “Educar é ensinar o encanto das possibilidades”, penso que educar não é o sinônimo de responsabilidade, de obrigação; a dimensão da obrigação, ou seja, quem age através dela não pensa nem ensina pensar e transmite um conhecimento superficial, sem cor, sem brilho. Faz-se mister enfocar que: É necessário ensinar as diversas gerações com um saber denso e transformador; é necessário transgredir, ter a ousadia de pensar e transformar conhecimentos estanques em aprendizagens que provoquem emoção, que mexa com a alma humana.
Para que essa mudança aconteça, é necessário que transformemos o nosso vocabulário, uma vez que ele é o nosso “ganha pão”.
Paulo Freire disse que: “Ensinar é construir o saber e saberes de forma democrática e inclusiva...” e que podemos usar termos de uma outra ciência para enriquecer a nossa; pra que o vocabulário da nossa ciência não fique envelhecido, estaque... Se não fizermos isso, a nossa fala não tem interesse, não tem beleza, charme. Como encantar o teu saber se o seu vocabulário é repetitivo, não provoca emoção; não fecunda a razão? É através de um vocabulário rico, provocativo, criativo que conseguiremos fazer com o nosso espaço pedagógico seja descontraído, interessante, faceiro. É com este vocabulário que vamos mexer com as entranhas das pessoas; provocar emoções, fazer pensar.
Nós, enquanto educadores, não podemos nos apegar em coisas pequenas, passageiras... Como educadores, devemos acender a fogueira com sementes, pois o que vale a pena não é o que passa, mas sim o que fica. O efêmero é bonito, as labaredas encantam, mas são passageiras, no entanto não trazem o encantamento necessário, profundo.
Quando ministramos uma aula pensando no hoje, no amanhã e no futuro, estamos acendendo a fogueira com sementes; mas quando damos aula só para o momento, estamos acendendo a fogueira com lenha seca, não permitimos o pensar. Acabamos por tolher a liberdade de aprender, de agir, de construir o conhecimento.
Precisamos reconstruir o nosso olhar; transformar o nosso “olhar de boi” em “olhar de peixe” para que o mesmo seja mais denso, mais vigoroso e com mais ternura. O espaço pedagógico precisa ser um espaço de beleza, de poesia. Precisamos transformá-lo para resgatar o desejo e o prazer; precisamos trabalhar na dimensão da beleza, pois é “melhor viver os riscos da liberdade do que as dores da obrigação”.

Elizete Vieira de Sales Leite
Texto produzido no Curso de Pós-Graduação em Psicopedagogia

sábado, 6 de novembro de 2010

Informática: Sete Passos para o Futuro

Ações simples para inserir a equipe e os alunos em uma verdadeira cultura virtual

Que tal trocar a caneta e o papel pelo teclado na hora de elaborar a ata da reunião de planejamento, organizar um espaço de formação tecnológica para os professores dentro do horário coletivo de trabalho ou incentivá-los a construir planilhas de acompanhamento do aprendizado dos alunos no computador?

Essas ações podem quebrar a resistência da equipe e criar um ambiente favorável para desenvolver e fortalecer em sua escola o hábito de usar a informática nos processos do dia-a-dia. Os gestores podem e devem favorecer a utilização de novas mídias ao lançar mão de estratégias como essas.

Léa Fagundes, da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), lembra que antes de tudo é preciso facilitar o acesso. “Alguns diretores impedem que o laboratório seja usado, com medo de os alunos danificarem os equipamentos.” NOVA ESCOLA GESTÃO ESCOLAR elaborou uma lista de sete passos que podem ajudar sua escola a tomar o rumo do futuro.

1. Colocar máquinas em uso
Faça um levantamento dos recursos de que a escola dispõe. Relacione computadores, televisores, aparelhos de vídeo e DVD, máquinas fotográficas e de vídeo, gravadores de voz e microfones. Todos esses equipamentos são ferramentas de ensino. “Os recursos devem estar na mão de alunos e professores. Não dá para ter um controle autoritário do uso. Empregar novas mídias para favorecer a aprendizagem é falar em processos de criação. Por isso, o ponto de partida é a liberdade de acesso”, destaca Lia Paraventi, coordenadora de informática educativa da Secretaria Municipal de Educação de São Paulo.
2. Inserir no projeto pedagógico
Na EMEF Pracinhas da FEB, na capital paulista, gestores e professores escolhem, nas reuniões de planejamento, as linguagens que serão usadas nos projetos. “Em 2008, trabalhamos a produção de um jornal no computador, do texto à diagramação”, conta Paloma Fernandez, orientadora de Informática Educativa da escola. Os professores das disciplinas envolvidas se reuniram com ela no horário de trabalho coletivo para juntar conteúdo e tecnologia. Em História, os alunos produziram notícias sobre a Revolução de 1930 e as guerras mundiais. Em Matemática, criaram um encarte com desafios de lógica, e em Ciências, reportagens sobre higiene e prevenção de doenças. Este ano, as turmas aprenderão a fazer audiovisuais.

3. Formar a equipe
Se o mouse ainda é um objeto estranho para a equipe (ou só para você), promova um curso de capacitação. Márcia Jubett, diretora da EMEF Marta Wartenberg, em Novo Hamburgo, na Grande Porto Alegre, mal sabia ligar o computador, mas isso não a impediu de informatizar a escola. “Criamos um espaço para a formação dentro do horário coletivo de trabalho e passamos a discutir a montagem de projetos didáticos usando novas mídias.” A professora de informática repassa à equipe o que aprende em cursos oferecidos pelas secretarias municipal e estadual. Outra ideia é incentivar os professores que já dominam as linguagens a compartilhar seus saberes com o grupo.

4. Mudar a gestão
Escola que não tem pessoal suficiente para coordenar o uso do laboratório de informática pode fazer um projeto com alunos monitores. “Isso ajuda no comprometimento com as atividades”, analisa Márcia Padilha, coordenadora do Instituto para o Desenvolvimento e a Inovação Educativa, da Organização de Estados Ibero-Americanos. O essencial é dar condições para que os estudantes entrem no laboratório nos horários em que não estão em aula (a escola e a sala de informática têm de estar abertas e em condições de uso), além de acompanhar o trabalho. Os equipamentos precisam de manutenção e atualização. Um bom caminho é definir regras de uso de sites e comunidades virtuais e gerir o acesso e a organização das atividades dentro e fora do laboratório.
 
5. Usar a tecnologia todo dia
Substituir a correspondência em papel com os pais por e-mails personalizados, colocar os balancetes de gastos numa planilha digital, construir arquivos para o acompanhamento das aprendizagens dos alunos ou criar uma comunidade virtual para compartilhar o resultado das reuniões de planejamento são exemplos de como a informática pode estar presente na gestão da escola. Na EE Professora Neuza Maria Nazatto de Carvalho, em Santa Bárbara do Oeste, a 130 quilômetros de São Paulo, a diretora Sirlei Dantes adotou a digitalização das planilhas com as notas dos 850 alunos. “Para quebrar a resistência dos professores, fizemos um trabalho de formação mostrando que a mudança facilitaria os processos. Hoje eles editam online esse material. Na direção, acrescentamos outros dados dos estudantes e enviamos por e-mail para a secretaria”, ensina a diretora.

6. Sair do laboratório
Ter um espaço reservado para os computadores é importante, mas, com o tempo, o laboratório convencional pode se transformar num espaço de produção multimídia com som e imagem. Ganha muito a escola que instala uma rede sem fio e cria ambientes de aprendizagem com computadores portáteis – para o uso dos alunos ou na formação dos professores.

7. Integrar a comunidade
É importante criar redes de relacionamento e cooperação com o entorno. “Muitas vezes, a escola é o único lugar onde o aluno tem acesso à tecnologia. Por isso, ela precisa dar a ele os instrumentos para a socialização e inserção no mercado de trabalho”, afirma José Manuel Moran, pesquisador em Tecnologias da Educação da Universidade de São Paulo (USP).
 

PPP - Projeto Político Pedagógico


O PPP tem leis para assegurá-lo, pois na LDB, o Artigo 12 dispõe: "Os estabelecimentos de ensino (..) terão incumbência de: (Inciso I:) elaborar e executar sua proposta pedagógica". Também no Artigo 13 das incumbências dos docentes, o Inciso I lê: "participar da elaboração da proposta pedagógica do estabelecimento de ensino"; e o Inciso II lê: "elaborar e cumprir plano de trabalho, segundo a proposta pedagógica do estabelecimento de ensino".
Percebe-se, porém, que a palavra ‘político’ é descartada, como se qualquer PPP não tivesse uma ideologia e concepções que o cerceiem. Dessa forma, a lei assegura que se faça um Projeto Pedagógico da escola, mas deixa aberto para que se faça um documento somente técnico, sem a devida discussão, que muitas vezes é feito só para cumprir a lei, tornando-se assim um instrumento meramente burocrático e bem longe da realidade esperada.
Para que se tenha êxito em fazer um Projeto Político-Pedagógico, com a participação da comunidade, e para que sua implementação esteja presente na realidade escolar, algumas características são fundamentais:
Comunicação eficiente: Um projeto deve ser factível e seu enunciado facilmente compreendido.
Adesão voluntária e consciente ao projeto: Todos precisam estar envolvidos. A co-responsabilidade é um fator decisivo no êxito de um projeto.
Suporte institucional e financeiro: Tem que ter vontade política, pleno conhecimento de todos e recursos financeiros claramente definidos.
Controle, acompanhamento e avaliação do projeto: Um projeto que não pressupõe constante avaliação não consegue saber se seus objetivos estão sendo atingidos.
Credibilidade: As idéias podem ser boas, mas, se os que as defendem não têm prestígio, comprovada competência e legitimidade, o projeto pode ficar bem limitado.

Gestão Democrática


A Gestão Democrática é formada por alguns componentes básicos: Constituição do Conselho escolar; Elaboração do Projeto Político Pedagógico de maneira coletiva e participativa; definição e fiscalização da verba da escola pela comunidade escolar; divulgação e transparência na prestação de contas; avaliação institucional da escola, professores, dirigentes, estudantes, equipe técnica; eleição direta para diretor(a);

Os princípios que norteiam a Gestão Democrática são:
  • Descentralização: A administração, as decisões, as ações devem ser elaboradas e executadas de forma não hierarquizada.
  • Participação: Todos os envolvidos no cotidiano escolar devem participar da gestão: professores, estudantes, funcionários, pais ou responsáveis, pessoas que participam de projetos na escola, e toda a comunidade ao redor da escola.
  • Transparência: Qualquer decisão e ação tomada ou implantada na escola tem que ser de conhecimento de todos.